1 em cada 3 golpes de WhatsApp faz uso de IA
Escrito por Thais Souza
AtualizadoA Inteligência Artificial se tornou uma das principais ferramentas para a prática de crimes virtuais no Brasil. Um estudo recente lançado pelo Observatório Lupa apontou que 1 em cada 3 golpes aplicados no WhatsApp fazia uso de conteúdos gerados por IA.
Continue a leitura para descobrir como a IA vem sendo usada em golpes, quais são as principais ameaças que se aproveitam dessa tecnologia e os dados revelados pelo estudo "O Brasil do Zap".
1 em cada 3 golpes aplicados no WhatsApp tem IA
Intitulado "O Brasil do ‘Zap’", o relatório apresentado pelo Observatório Lupa em parceria com a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) se baseou na análise anônima de mais de 325 mil mensagens únicas que circularam por pelo menos 110 mil grupos públicos de WhatsApp do país.
Principais golpes com IA no WhatsApp
O relatório revelou aspectos de como os criminosos estão agindo para ampliar seu alcance. Vamos a alguns deles:
Rostos de famosos ajudam a enganar
O índice de uso de deepfakes de pessoas famosas, principalmente políticos, foi alto. Os golpistas apostaram na credibilidade de personalidades como Angélica, Nikolas Ferreira, Pablo Marçal, Luciano Hang e Zeca Camargo para tentar dar mais credibilidade aos golpes e, portanto, expandir o alcance de seus crimes.
A deepfake é uma técnica em que criminosos usam inteligência artificial para criar vídeos ou áudios falsos, fazendo alguém "dizer" ou "fazer" coisas que nunca aconteceram.
Entre os casos analisados, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi a figura mais usada: sua imagem e voz apareceram em 10% dos golpes.
Em vídeos falsos, o parlamentar supostamente afirmava que o Nubank estava pagando indenizações de até R$ 10 mil ou que o governo oferecia compensações financeiras para usuários do WhatsApp que acessassem determinados sites e pagassem uma taxa. Tudo mentira.
Golpes usam o gatilho do dinheiro no bolso
82% dos golpes de WhatsApp que usavam IA falavam do pagamento de supostas indenizações, da oferta de possíveis benefícios vindos do governo ou de valores a receber que estariam vinculados ao CPF das vítimas.
A mistura desse gatilho emocional com vídeos, áudios e imagens gerados por IA acabam fazendo com que muitas pessoas caiam em golpes como este.
IA como gancho para outras ameaças
Golpistas no WhatsApp vêm usando conteúdo gerado por inteligência artificial como isca para fazer usuários clicarem em links que os levam a sites falsos, onde são induzidos a entregar dados pessoais ou a realizar pagamentos.
Conclusão
De acordo com a pesquisadora Beatriz Farrugia, "o que podemos inferir desses dados mostrados pelo Observatório é que os golpistas empregam tecnologias cada vez mais sofisticadas e que estão conseguindo convencer as vítimas a caírem, acreditarem, em suas fraudes".
A era dos golpes amadores, marcada por erros de português e imagens de baixa qualidade, terminou. Agora, os criminosos estão se especializando e usando a tecnologia para explorar a confiança dos brasileiros.

