Golpe do IOF

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Quando pensamos em pedir um empréstimo, é comum surgirem dúvidas sobre as taxas e cobranças envolvidas — e é justamente nessa insegurança que muitas pessoas acabam caindo no golpe do IOF.

Recentemente, a Receita Federal emitiu um alerta sobre criminosos que estão se passando por bancos e empresas para cobrar o pagamento antecipado de IOF para liberação de empréstimos. 

Mas será que essa cobrança adiantada realmente existe? Neste artigo, você vai entender como esse golpe funciona e aprender a se proteger para não cair nessa armadilha.

O que é o golpe do IOF?

No golpe do IOF, os criminosos enviam um e-mail ou uma correspondência para a vítima através dos Correios. Eles se passam pela Receita Federal e solicitam o pagamento antecipado do IOF para a liberação de um empréstimo.

O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um tributo federal cobrado sobre diversas transações financeiras, como empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. 

No caso específico de empréstimos, o imposto é calculado sobre o valor total contratado e já é incluído no valor das parcelas ou descontado no momento em que o dinheiro é liberado para o cliente.

Ou seja, você nunca precisa pagar o IOF antecipadamente para conseguir um empréstimo. Esse tipo de cobrança fora do padrão é um claro sinal de golpe.

Como o golpe acontece na prática? 

  1. A vítima é contatada por e-mail ou carta registrada. A mensagem traz uma suposta aprovação de crédito com condições muito atrativas, como juros baixos e liberação imediata.
  2. O golpista envia contratos e documentos com logotipos falsificados de instituições conhecidas ou até da Receita Federal. Em alguns casos, o material tem aparência profissional, com assinatura digital falsa e linguagem técnica.
  3. Com a desculpa de que o empréstimo só pode ser liberado após o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o golpista envia uma chave Pix para a vítima realizar a transferência.
  4. Após o pagamento, o criminoso some. A vítima não recebe o empréstimo e ainda fica no prejuízo. 

Como identificar o golpe do IOF?

O principal sinal de alerta para este golpe é a cobrança de IOF para a liberação de empréstimos. A cobrança do imposto sempre estará embutida no valor das parcelas, por isso, qualquer solicitação como esta é golpe. 

Além disso, é importante ficar atento a outros sinais de alerta para identificar o golpe do IOF: 

  1. Exigência de pagamento antecipado via Pix.
  2. Cartas ou e-mails se passando pela Receita Federal para falar sobre empréstimos.
  3. Urgência para pagamento, com prazos curtos e pressão emocional.
  4. Mensagens ou cartas com aparência oficial, mas com erros de gramática ou dados genéricos.
  5. Promessas de empréstimos com condições muito vantajosas e sem consulta ao CPF.

Quais são as consequências do golpe do IOF para as vítimas? 

Além da perda financeira, a vítima pode sofrer com a exposição de dados pessoais e bancários, que podem ser reutilizados para aplicar outras fraudes. 

Outro ponto crítico é a dificuldade de reaver o dinheiro. Como o pagamento geralmente é feito via Pix, as chances de estorno são mínimas — o valor só pode ser recuperado se ainda estiver na conta do golpista no momento em que a fraude é denunciada. Como os criminosos costumam sacar ou transferir o valor rapidamente, a vítima muitas vezes não consegue o ressarcimento.

Dicas para se proteger do golpe do IOF

  1. Desconfie de qualquer cobrança antecipada: nenhuma instituição financeira séria exige pagamento adiantado para liberar crédito. O IOF é cobrado automaticamente no momento da contratação ou diluído nas parcelas do empréstimo.
  2. Verifique a origem do contato: desconfie de mensagens, e-mails ou cartas que dizem ser da Receita Federal. A Receita não intermedia empréstimos nem entra em contato com cidadãos para cobrar IOF.
  3. Confirme a existência da empresa: se você estiver em contato com uma suposta financeira, pesquise o CNPJ no site da Receita Federal e consulte o registro no Banco Central. Se tiver dúvidas, não siga com a negociação.
  4. Nunca envie dinheiro para liberar empréstimos: esse é o ponto mais importante. Em nenhum cenário legítimo você precisa transferir valores para desbloquear um empréstimo.

Caí no golpe do IOF, o que fazer? 

Se você foi vítima do golpe do IOF e fez alguma transferência para o golpista, é importante agir rápido para minimizar os danos e aumentar suas chances de conseguir o valor de volta. A seguir, separamos algumas dicas para te ajudar nesse processo. 

Junte todas as evidências 

Tire foto da carta recebida por Correios ou print da comunicação via e-mail. Reúna todas as evidências de que foi vítima do golpe, isso ajudará no processo de contestação e também na denúncia. 

Faça um boletim de ocorrência 

Registre um boletim de ocorrência detalhado com todas as provas que você juntou. Para facilitar, as delegacias virtuais permitem que você abra um B.O online. Confira os sites das delegacias de cada Estado:

Estado Sigla Site
Acre AC https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Alagoas AL https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Amapá AP https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Amazonas AM https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Bahia BA https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Ceará CE https://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/del_vir_new.jsp
Espírito Santo ES https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br/deon/xhtml/solicitarregistroocorrencia.jsf
Goiás GO https://www.go.gov.br/tela-orgao/servico/registrar-ocorrencia-na-delegacia-virtual
Maranhão MA https://delegaciaonline.policiacivil.ma.gov.br
Mato Grosso MT https://portal.sesp.mt.gov.br/delegacia-web/pages/home.seam
Mato Grosso do Sul MS https://www.pc.ms.gov.br
Minas Gerais MG https://delegaciavirtual.sids.mg.gov.br/sxgn/
Pará PA https://www.delegaciavirtual.pa.gov.br/#/
Paraíba PB https://www.delegaciaonline.pb.gov.br/pages/index.xhtml
Paraná PR https://www.policiacivil.pr.gov.br/BO
Pernambuco PE https://servicos.sds.pe.gov.br/delegacia/
Piauí PI https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Rio de Janeiro RJ https://roonline.pcivil.rj.gov.br
Rio Grande do Norte RN https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Rio Grande do Sul RS https://www.delegaciaonline.rs.gov.br/dol/#!/index/main
Rondônia RO https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Roraima RR https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Santa Catarina SC https://delegaciavirtual.sc.gov.br
São Paulo SP https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/pages/comunicar-ocorrencia
Sergipe SE https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Tocantins TO https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Distrito Federal DF https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/delegacia-eletronica

Tente recuperar o valor perdido 

Se você fez transferências para o golpista, saiba que, em alguns casos, pode ser possível recuperar o valor perdido. Mas para isso é preciso agir rápido. 

Entre em contato com seu banco, explique que você foi vítima de um golpe e solicite a devolução dos valores transferidos. Envie todas as evidências coletadas para que o banco avalie o caso.

Após o registro da queixa, o banco da vítima inicia um processo chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED). O processo funciona da seguinte maneira:

  1. O banco da vítima registra imediatamente a notificação de infração e instaura o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix;
  2. O banco do suposto golpista bloqueia os valores caso eles ainda estejam disponíveis na conta;
  3. As duas instituições avaliam o caso em até 7 dias corridos e verificam se há indícios de fraude ou golpe; 
  4. Comprovada a fraude, o banco do suposto golpista devolve os recursos para a vítima em até 96 horas, a contar do término da avaliação.

Se a situação não for resolvida, você pode procurar o Procon de seu estado ou o Poder Judiciário e registrar uma reclamação no Banco Central.

Perguntas frequentes

O que é IOF?

IOF é a sigla para Imposto sobre Operações Financeiras, um tributo federal cobrado em transações como empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. Ele serve para o governo monitorar e arrecadar sobre operações que envolvem movimentação de dinheiro.

Como é cobrado o IOF em empréstimos?

No caso dos empréstimos, o IOF é calculado automaticamente pela instituição financeira no momento da contratação e já vem embutido no valor das parcelas. Ou seja, você não precisa pagar esse imposto separadamente — ele é diluído ao longo do pagamento do empréstimo.

É preciso pagar IOF para liberar empréstimo?

Não. Nenhuma instituição séria ou autorizada exige o pagamento antecipado de IOF para liberar um empréstimo. Se alguém solicitar esse pagamento antes da liberação do dinheiro, trata-se de um golpe. O imposto sempre é cobrado depois, junto com as parcelas do contrato.

Quais são os encargos cobrados em um empréstimo?

Além do IOF, os encargos mais comuns em um empréstimo incluem:

Taxa de juros: valor cobrado pelo banco ou financeira pelo serviço de crédito.

Tarifa de abertura de crédito (TAC): taxa que pode ser aplicada no início do contrato, mas muitas instituições já aboliram essa cobrança.

Seguros ou garantias contratadas: em alguns casos, há a inclusão de seguros contra inadimplência.

Todos esses custos devem estar claramente descritos no contrato. Desconfie de qualquer cobrança feita fora desse documento, especialmente se for solicitada via Pix ou boleto antes da liberação do crédito.

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Escrito por:

Thais Souza
Analista de Comunicação e Conteúdo

Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), a Thaís escreve desde 2019 com foco na experiência e resolução das dúvidas de seus leitores.

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