Golpe do concurso público

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Passar em um concurso público é um objetivo para muitas pessoas que buscam estabilidade financeira e profissional. Essa conquista pode proporcionar uma carreira sólida, com salário atraente e benefícios significativos. Entretanto, na busca de uma oportunidade, muitas pessoas podem acabar caindo em golpes. 

Para te ajudar a identificar e se proteger desse tipo de ameaça, neste artigo você vai entender como funciona o golpe do concurso público, aprender a reconhecer os sinais de alerta, e saber o que fazer se você tiver sido vítima.

O que é o golpe do concurso público?

O golpe do concurso público é uma armadilha criada por criminosos que divulgam concursos falsos em nome de instituições reconhecidas, como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou a Polícia Federal. Eles utilizam sites e anúncios fraudulentos para espalhar informações falsas e atrair pessoas em busca de uma oportunidade de emprego estável.

Leia também: Golpe do falso emprego

Esses golpistas criam páginas falsas nas redes sociais e simulam sites oficiais para dar credibilidade ao golpe. Os anúncios chamam atenção com promessas tentadoras, como:

"Concurso do Banco do Brasil oferece salário de R$ 11 mil para nível médio!"

Um exemplo recente foi o anúncio falso de um concurso da Polícia Federal 2025, que prometia 1.142 vagas com salários de até R$ 23 mil. O site falso imitava a página da PF (Polícia Federal), que precisou emitir um alerta oficial desmentindo a informação e avisando que o conteúdo era fraudulento.

Os principais objetivos dos golpistas são:

  • Roubar dados pessoais, como CPF, endereço, telefone e documentos enviados durante a inscrição;
  • Causar prejuízo financeiro, cobrando uma falsa "taxa de inscrição" via Pix no final do processo.

Como o golpe do concurso público acontece na prática?

  1. Criação do falso concurso: criminosos desenvolvem anúncios chamativos com promessas de salários altos e centenas de vagas, geralmente em órgãos públicos bastante conhecidos. Em muitos casos, usam identidade visual parecida com a de sites oficiais.
  2. Divulgação nas redes sociais e sites falsos: as publicações aparecem em redes sociais, grupos de WhatsApp, Telegram ou até como anúncios pagos em sites e buscadores.
  3. Redirecionamento para páginas falsas: ao clicar no link, a vítima é levada para um site que imita o portal oficial da instituição pública, com formulários de inscrição, cronograma da prova, edital falso e outras informações convincentes.
  4. Solicitação de dados pessoais e documentos: durante o falso cadastro, a vítima fornece dados sensíveis como CPF, endereço, telefone, foto, RG, CNH e comprovante de residência.
  5. Cobrança de uma taxa via Pix: no fim da inscrição, o site pede o pagamento de uma "taxa de inscrição" via Pix. Como se trata de um golpe, esse valor vai direto para a conta do criminoso.

Sinais de alerta para identificar um golpe de concurso público

Aqui estão alguns sinais de alerta para você identificar o golpe antes de fornecer seus dados ou fazer algum pagamento:

  • Ofertas boas demais para ser verdade, como salários muito acima da média para cargos de nível médio ou técnico.
  • Falta de divulgação em canais oficiais, como o site do órgão público ou no Diário Oficial.
  • Sites com erros de português, aparência amadora ou domínios não-oficiais.
  • Insistência em pagamento via Pix, sem opção de isenção de taxa ou outro meio seguro.
  • Falta de CNPJ ou informações sobre a banca organizadora do concurso.
  • Urgência exagerada, com prazos curtíssimos para inscrição ou pagamento.

Como se proteger do golpe do concurso público? 

Quem cai no golpe do concurso público pode ter consequências sérias, como roubo de dados e perdas financeiras. Para te ajudar a evitar esse tipo de ameaça, a seguir você confere dicas de como se proteger:

Verifique sempre no site oficial do órgão

Antes de clicar e fornecer seus dados em qualquer anúncio, acesse diretamente o site oficial do órgão ou da banca organizadora. Evite clicar em links recebidos por redes sociais ou grupos.

Pesquise o edital e a banca organizadora

Todo concurso sério tem um edital publicado e uma banca organizadora conhecida, como CESPE, FGV, Fundação Carlos Chagas, entre outras. Consulte o CNPJ e histórico da banca.

Desconfie de promessas exageradas

Salários altos demais, vagas em excesso ou prazos muito curtos para inscrição são sinais de alerta. Concursos públicos seguem trâmites legais e prazos definidos.

Desconfie de poucas opções de pagamento

Golpistas geralmente restringem o pagamento da taxa de inscrição ao Pix, já que esse método é rápido, direto e mais difícil de ser rastreado ou contestado pela vítima. Se o concurso permitir apenas pagamento via Pix, desconfie imediatamente.

Leia também: Golpe do Pix

Outro sinal de alerta é a ausência da opção de isenção da taxa de inscrição. Concursos públicos oferecem isenção para candidatos de baixa renda, doadores de medula óssea, entre outros perfis previstos em lei. Se essa possibilidade não for mencionada, o processo provavelmente não é legítimo.

Verifique o destinatário da conta 

Antes de fazer um pagamento via Pix, verifique sempre o destinatário. Se os dados da conta são de uma Pessoa Física ou de alguma outra empresa que não têm ligação com o concurso, desconfie.

Caí no golpe do concurso público, e agora? 

Se você caiu no golpe do concurso público, é importante agir rápido para reduzir os danos, proteger seus dados e buscar os seus direitos.

Nos próximos tópicos, vamos te orientar passo a passo sobre o que fazer para se proteger e tentar reverter o prejuízo.

Guarde todas as provas

Junte todas as evidências de que você foi vítima de um golpe, como prints de conversas, recibos de pagamento, links dos sites e anúncios — tudo isso será útil para registrar o caso.

Faça um boletim de ocorrência 

Registre um boletim de ocorrência detalhado com todas as provas que você juntou. Para facilitar, as delegacias virtuais permitem que você abra um B.O online. Confira os sites das delegacias de cada Estado:

Estado Sigla Site
Acre AC https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Alagoas AL https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Amapá AP https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Amazonas AM https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Bahia BA https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Ceará CE https://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/del_vir_new.jsp
Espírito Santo ES https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br/deon/xhtml/solicitarregistroocorrencia.jsf
Goiás GO https://www.go.gov.br/tela-orgao/servico/registrar-ocorrencia-na-delegacia-virtual
Maranhão MA https://delegaciaonline.policiacivil.ma.gov.br
Mato Grosso MT https://portal.sesp.mt.gov.br/delegacia-web/pages/home.seam
Mato Grosso do Sul MS https://www.pc.ms.gov.br
Minas Gerais MG https://delegaciavirtual.sids.mg.gov.br/sxgn/
Pará PA https://www.delegaciavirtual.pa.gov.br/#/
Paraíba PB https://www.delegaciaonline.pb.gov.br/pages/index.xhtml
Paraná PR https://www.policiacivil.pr.gov.br/BO
Pernambuco PE https://servicos.sds.pe.gov.br/delegacia/
Piauí PI https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Rio de Janeiro RJ https://roonline.pcivil.rj.gov.br
Rio Grande do Norte RN https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Rio Grande do Sul RS https://www.delegaciaonline.rs.gov.br/dol/#!/index/main
Rondônia RO https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Roraima RR https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Santa Catarina SC https://delegaciavirtual.sc.gov.br
São Paulo SP https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/pages/comunicar-ocorrencia
Sergipe SE https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Tocantins TO https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/
Distrito Federal DF https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/delegacia-eletronica

Denuncie o golpe na plataforma Fala.BR

Para denunciar esse tipo de golpe, basta entrar na plataforma Fala.BR, clicar no ícone de denúncia e preencher os dados. A plataforma Fala.BR é um canal integrado para encaminhamento de manifestações a órgãos e entidades do poder público. O serviço online está disponível 24 horas, todos os dias da semana.

Entre em contato com seu banco

Caso tenha passado dados bancários sigilosos no momento do cadastro em um site falso, entre em contato com seu banco imediatamente, informe que foi vítima de um golpe e  solicite o bloqueio das suas contas e cartões.

Tente recuperar o valor perdido

Se você fez transferências para o golpista, saiba que, em alguns casos, pode ser possível recuperar o valor perdido. Mas para isso é preciso agir rápido. 

Entre em contato com seu banco, explique que você foi vítima de um golpe e solicite a devolução dos valores transferidos. Envie todas as evidências coletadas para que o banco avalie o caso.

Após o registro da queixa, o banco da vítima inicia um processo chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED) no caso de transações via Pix. O processo funciona da seguinte maneira:

  1. O banco da vítima registra imediatamente a notificação de infração e instaura o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix;
  2. O banco do suposto golpista bloqueia os valores caso eles ainda estejam disponíveis na conta;
  3. As duas instituições avaliam o caso em até 7 dias corridos e verificam se há indícios de fraude ou golpe; 
  4. Comprovada a fraude, o banco do suposto golpista devolve os recursos para a vítima em até 96 horas, a contar do término da avaliação.

Fale com o Procon ou Defensoria Pública

Se você tiver problemas para cancelar débitos ou precisar de ajuda jurídica, esses órgãos podem te orientar gratuitamente.

Perguntas frequentes

Como saber se um concurso é verdadeiro?

Sempre consulte o site oficial do órgão e verifique se o edital foi publicado no Diário Oficial. Além disso, verifique se a banca organizadora é conhecida e confiável.

É normal pagar taxa de inscrição de concurso via Pix?

Sim, muitos concursos disponibilizam o pagamento da taxa de inscrição via Pix, mas se essa for a única forma de pagamento, desconfie.

Se caí no golpe do concurso público, consigo reaver meu dinheiro?

Quanto antes você agir, maiores as chances. Entre em contato com seu banco, registre um boletim de ocorrência e tente o Mecanismo Especial de Devolução (MED).

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Escrito por:

Thais Souza
Analista de Comunicação e Conteúdo

Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), a Thaís escreve desde 2019 com foco na experiência e resolução das dúvidas de seus leitores.

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