Golpe da facção
Escrito por Thais Souza
AtualizadoA tentativa de enganar por meio da intimidação tem sido uma tática usada por golpistas em diferentes partes do país. No chamado golpe da facção, criminosos entram em contato com as vítimas e usam ameaças para pressioná-las a fazer transferências de dinheiro.
Mesmo sem qualquer violência física envolvida, a abordagem pode assustar — por isso, é importante conhecer como esse golpe funciona e saber como agir.
O que é o golpe da facção?
O golpe da facção é uma forma de extorsão em que criminosos se passam por integrantes de organizações criminosas e ameaçam pessoas comuns com violência física, geralmente dizendo que a vítima está "marcada" ou "invadindo território". O objetivo é provocar medo suficiente para que a pessoa faça transferências via Pix, acreditando que assim evitará represálias.
Esses falsos membros de facções utilizam nomes conhecidos de grupos criminosos para tornar a ameaça mais realista. Em alguns casos, chegam a citar endereços ou nomes de familiares da vítima — muitas vezes coletados previamente nas redes sociais —, o que intensifica a sensação de perigo.
Como o golpe da facção acontece na prática?
- Os criminosos ligam ou enviam mensagem, geralmente com número privado ou DDD de fora do estado da vítima.
- Dizem fazer parte de uma facção criminosa e afirmam que a vítima está sendo monitorada, sendo vista como uma ameaça.
- Por meio de mensagens via WhatsApp, o golpista faz diversas ameaças para a vítima.
- Então, solicita quantias em dinheiro via Pix, sob a justificativa de garantir "segurança".
- Eles fazem pressão psicológica proibindo a vítima de desligar o telefone, sair de casa ou avisar a polícia.
- Após o pagamento, os criminosos somem.
Como identificar o golpe da facção?
- Contato por telefone ou WhatsApp com número desconhecido, geralmente com DDDs de estados distantes.
- Discurso agressivo e intimidador, mencionando nomes de facções conhecidas.
- Alegações de que a vítima está em área de risco ou deve pagar "respeito" para continuar viva.
- Solicitação urgente de dinheiro via Pix.
- Ameaças convincentes acompanhadas de informações básicas sobre a vítima (nome, bairro, fotos públicas).
5 dicas para se proteger do golpe da facção
- Não continue a conversa: se receber alguma ameaça, não responda e bloqueie o número imediatamente.
- Nunca forneça informações pessoais a desconhecidos: não dê informações, não envie fotos e não confirme dados.
- Mantenha perfis sociais privados: evite expor informações pessoais como endereço, rotina, nomes de parentes e localização.
- Mantenha a calma e não aja por impulso: mesmo diante da pressão, desligue o telefone e procure orientação com a polícia.
- Verifique informações: se a ameaça envolver nomes de familiares, entre em contato com eles por outros meios para confirmar que estão bem.
Caí no golpe da facção, e agora?
Se você foi vítima do golpe da facção, é importante agir rápido para aumentar as chances da polícia encontrar o golpista e de você recuperar o valor perdido. Veja a seguir o passo a passo do que fazer:
Faça uma denúncia imediatamente
Abra um Boletim de Ocorrência na polícia civil do seu Estado o mais rápido possível. Informe que está sofrendo ameaças e siga as orientações da polícia.
Para facilitar, as delegacias virtuais permitem que você abra um B.O online. Confira os sites das delegacias de cada Estado:
Bloqueie os contatos
Impeça que os criminosos voltem a fazer ameaças ou peçam mais dinheiro.
Tente recuperar o valor perdido
Se você fez transferências para o golpista, saiba que, em alguns casos, pode ser possível recuperar o valor perdido. Mas para isso é preciso agir rápido.
Entre em contato com seu banco, explique que você foi vítima de um golpe e solicite a devolução dos valores transferidos. Envie todas as evidências coletadas para que o banco avalie o caso.
Após o registro da queixa, o banco da vítima inicia um processo chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED) no caso de transações via Pix. O processo funciona da seguinte maneira:
- O banco da vítima registra imediatamente a notificação de infração e instaura o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix;
- O banco do suposto golpista bloqueia os valores caso eles ainda estejam disponíveis na conta;
- As duas instituições avaliam o caso em até 7 dias corridos e verificam se há indícios de fraude ou golpe;
- Comprovada a fraude, o banco do suposto golpista devolve os recursos para a vítima em até 96 horas, a contar do término da avaliação.
